A homenagem ao Major de Coruche por FORCADO AMADOR *
Ninguém se entende. Metade do povo de Coruche pagou o busto do Major Luís Alberto Oliveira e quer vê-lo novamente exposto na praça pública (como convém aos bustos). A outra metada da vila insurge-se contra tal ressuscitamento. Vamos por pontos: o Major Luís Alberto Oliveira foi Ministro da Guerra de Salazar, em 1933/34. O ano passado, surgiu um movimento de apoio ao "homem que tudo fez pela sua terra".
O assunto chegou ao gabinete do presidente da autarquia de Coruche - que pondera debatê-lo em assembleia municipal, até ao final do ano. Há até uma petição em curso para evitar aquilo que no entender de muitos é uma vergonha.
Vergonha é muitas das assinaturas dessa petição nem sequer serem elegíveis (como, aliás, já alguém acusou). Alguns nomes que constam na lista nem sequer são de gente da vila. Mas adiante. Facto é que o Major Luís Alberto Oliveira merece ser homenageado. O PCP de Coruche está na primeira fila dos que protestam (embora o PCP proteste por tudo e por nada). Não faz sentido.
Dignifiquem o homem que foi o Major Luís Alberto Oliveira. Serviu Salazar - o que para muitos é logo sinónimo de crucificação -, mas opôs sempre a sua voz ao regime. O Major Luís Alberto Oliveira foi obrigado a fazer parte do sistema e não raras vezes pensou na ostracização do povo. Não foi por acaso que acabou por ser exonerado do cargo...
A ignorância é letal. É a arma dos infelizes. A definição assenta que nem uma luva aos dissidentes que vandalizaram - durante a primeira vez que esteve exposto - o busto do homem que lutou pelos interesses da vila de Coruche. Portaram-se mal. Nem as claques de futebol fariam pior.
* Todos os artigos publicados nesta coluna, às 4ªs feiras, são da responsabilidade dos seus autores e não reflectem a opinião da direcção deste blogue. Um agradecimento especial ao Forcado Amador por ter tido a gentileza de aceitar o repto do «Salvaterra é Fixe», inaugurando a «A Voz da Censura».
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E para os que foram mortos, perseguidos, torturados... por salazar e pelos que o serviram, não têm direito a contestar. Ou será que salazar foi um democrata, e a pide uma invenção dos comunistas e a repressão nunca existiu. Pavic tu sabes que é bom podermos contestar é sinal de que salazar e os que o serviram não nos governam.