sexta-feira, janeiro 20, 2006 |
«FORCADO AMADOR» - Opinião com "farpas" |
PRESIDENCIAIS Velhice, cobardia e Angola
O pesadelo estás prestes a chegar ao fim. Durante semanas a fio, falou-se de bolo rei, de tabus, de velhice e de "comadres zangadas" (mas que, nem por isso, foram descobertas todas as verdades). A campanha para as Presidenciais foi pobre, não contribuiu para nada e só serviu para gastar dinheiro.
Talvez o mais caricato tenha sido assistir à triste figura de um "velho do restelo", apagado e com frequentes falhas de memórias, que meses antes jurava a pés juntos que jamais voltaria a candidatar-se a um cargo político. Eis o resultado: um Soares que se arrasta (na postura física e no discurso), fazendo parte de uma máquina que em tudo parece ter falhado. Desde a organização dos comícios até à imagem criada em torno do candidato. Aliás, a candidatura de Soares vai de encontro ao estado actual de Sócrates: coxa, que se move a muito custo e que se espalhou ao comprido.
De Louçã não se vislumbrou nada de novo. As mesmas linhas de discurso, as repetidas metáforas (extraídas de livros demasiadamente rebuscados) e um staff que acusa falta de criatividade. Talvez porque o Bloco não tenha mesmo nada de novo para acrescentar.
Jerónimo de Sousa foi, sem dúvida, a surpresa da campanha. Vimos um líder nato a dar a cara por uma causa em que acredita, dando uma imagem que - senão genuína -, pelo menos bem disfarçada. Não estranharei se Jerónimo alcançar um bom resultado. Melhor, até, do que o do Bloco.
De Cavaco, registo apenas o esforço em mostrar-se sorridente e em fazer passar uma imagem de político (não profissional, entenda-se), tentando provar que é mais do que um mero robot. Constatámos que Cavaco dança, ri, mistura-se com o povo, coloca-se em cima dos automóveis. Só que fala pouco. E, quando fala, não diz nada. Dado adquirido: o candidato conseguiu reunir mais de 800 mil contos. Origem: Angola (sem contar com os restantes 900 mil contos vindos das mãos de banqueiros e de uma série de grupos económicos bem posicionados em Portugal). Tão certo como ter sido um certo advogado a fazer cópias das "disquetes" que vieram da PT, entregando-as ao «24 Horas» para depois dar naquilo que já se sabe...
O resto, é tudo aquilo que vimos: as mesmas caras nos mesmos comícios e jantares (falo do povo dos beijinhos e abraços). A justificação está no facto do aparelho partidário recorrer a grupos organizados para acompanhar a comitiva. O conceito não é novo; basta ver o que se passa dos Estados Unidos. E, aliás, o PS e a CDU (embora em diferentes dimensões) já tinham experimentado tal coisa. Só para televisão ver.
Remato a minha eloquente crónica com Manuel Alegre. Mais do que um (bom) poeta, sem dúvida um verdadeiro destemido. Soube ousar e enfrentar os "adamastores" do PS. Não precisou sequer do apoio daqueles que, antes, deram a cara pelas suas lutas. Esses estão hoje sentados em cadeiras forradas com tecido de couro, em gabinetes de luxo, usufruindo de salários faraónicos. Uma vez que integram o "sistema", preferem não deitar tudo a perder, camuflando-se na cobardia. Que sejam muito felizes, pois então.
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Postado por José Peixe @ 17:31 |
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