Jornalista Luis Miguel Viana (DN)
PASSO ATRÁS NOS GOVERNOS CIVIS
"A ideia não podia ser melhor: acabar com os governos civis. São órgãos inúteis, que só produzem o que de pior tem a política:favorecimento, caciquismo, corrupção e burocracia. Não há uma única razão para manter 18 comissários do Governo espalhados pelo País. Sem pelouros nem competências, sem programas ou objectivos públicos, sem orçamentos verificáveis ou prestação regular de contas, os governos civis não governam: controlam, conspiram e corrompem. Ou fazem isso ou (o que também sucede) não fazem nada. Não admira, portanto, que o Programa de Reestruturação da Administração Central do estado tenha proposto a sua extinção, substituindo-os por cinco regiões. E, menos ainda, que o Governo estivesse disposto a fazê-lo. Sucedeu, porém, que o PS protestou. Ou melhor: os aparelhos distritais do PS, cujos chefes controlam os governos civis, começaram a conspirar contra a extinção. Perante esta "revolta" (aliás previsível) dos caciques locais, colocava-se a António Costa - o ministro responsável pela coordenação da reforma - duas hipóteses: ou tentava ganhar a batalha política dentro do seu partido ou cedia. Escolheu ceder". Crónica publicada no "Diário de Notícias - Economia", no dia 27 de Março 2006 p.10 |