segunda-feira, setembro 24, 2007 |
A melancolia do Outono na poesia de Florbela Espanca |
OUTONALCaem as folhas mortas sobre o lago; Na penumbra outonal, não sei quem tece As rendas do silêncio… Olha, anoitece! - Brumas longínquas do País do Vago… Veludos a ondear… Mistério mago… Encantamento… A hora que não esquece, A luz que a pouco e pouco desfalece, Que lança em mim a bênção dum afago… Outono dos crepúsculos doirados, De púrpuras, damascos e brocados! - Vestes a terra inteira de esplendor! Outono das tardinhas silenciosas, Das magníficas noites voluptuosas Em que eu soluço a delirar de amor… Florbela Espanca |
Postado por José Peixe @ 20:28   |
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2 Comments: |
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Sobre o Outono encontrei estes Poemas lindíssimos:
OUTONO
O vento soprou Tão doce e sereno Tocou-me ao de leve Girou sentimentos Dormentes, silentes Que em voo rasante Tocaram o chão
O fundo da alma Fez-se de cor de ouro Castanho ou laranja Deu frutos já secos De um doce amargo Surgiu o Outono No meu coração.
http://mulher50a60.weblog.com.pt
CANÇÃO DE OUTONO
O outono toca realejo No pátio da minha vida. Velha canção, sempre a mesma, Sob a vidraça descida... Tristeza? Encanto? Desejo? Como é possível sabê-lo? Um gozo incerto e dorido de carícia a contrapelo... Partir, ó alma, que dizes? Colhe as horas, em suma... mas os caminhos do Outono Vão dar em parte alguma!
Mário Quintana
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A arte de ser feliz
Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz. Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crinças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refelectidas no espelho do ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes um galo canta. Às vezes um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz. Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
Cecília Meirelles
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Sobre o Outono encontrei estes Poemas lindíssimos:
OUTONO
O vento soprou
Tão doce e sereno
Tocou-me ao de leve
Girou sentimentos
Dormentes, silentes
Que em voo rasante
Tocaram o chão
O fundo da alma
Fez-se de cor de ouro
Castanho ou laranja
Deu frutos já secos
De um doce amargo
Surgiu o Outono
No meu coração.
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CANÇÃO DE OUTONO
O outono toca realejo
No pátio da minha vida.
Velha canção, sempre a mesma,
Sob a vidraça descida...
Tristeza? Encanto? Desejo?
Como é possível sabê-lo?
Um gozo incerto e dorido
de carícia a contrapelo...
Partir, ó alma, que dizes?
Colhe as horas, em suma...
mas os caminhos do Outono
Vão dar em parte alguma!
Mário Quintana