MOITA FLORES DIZ O QUE PENSA
O presidente da Câmara de Santarém confessa-se "muito decepcionado" com a generalidade dos autarcas, assegura que vai deixar uma cidade "linda" e que só se recandidata "se houver condições materiais" para avançar com o projecto da zona ribeirinha. Em entrevista à agência Lusa, Francisco Moita Flores, o independente que há dois anos ajudou o PSD a "roubar" a capital do distrito ao PS, elege como "grande vitória" da primeira metade do seu mandato o facto de Santarém ser "a primeira autarquia do país em licenciamento de obras". Com uma resposta "sim ou não" em 26 dias contra os 165 anteriores, a "mexidela" no departamento de Urbanismo, cuja chefia entregou a Dina Vieira - que trabalhou nas câmaras de Lisboa e da Figueira da Foz com Santana Lopes -, uma das sete contratações que diz ter feito desde que entrou na autarquia (exceptuando os elementos do seu gabinete), "converteu esta câmara na melhor do país no que respeita ao licenciamento" e "exemplo" usado pelo Instituto Nacional de Administração, disse. Prometendo que os quatro anos do seu mandato serão "de ruptura definitiva com o passado novo-rico, embatucado e peralta", que, assegura, não voltará ao poder em Santarém, Moita Flores garantiu que vai "provocar os maiores impactos sociais" no concelho. "Esta cidade muda completamente ao fim de quatro anos", disse, garantindo que, daqui a dois anos, Santarém "vai estar linda, cheia de gente, de trabalho e uma animação económica impressionante". Acreditando que vai cumprir "não 100 por cento, mas 85 a 90 por cento" dos seus compromissos para com o concelho, Moita Flores considera que "não há razão nenhuma para continuar", lembrando que o seu compromisso com o eleitorado scalabitano "foi por quatro anos". Continuar porque faltam 10 por cento e depois sete é "o clientelismo mais ignóbil que mina o poder local", disse, ressalvando apenas uma situação que o poderá levar a ponderar a recandidatura. "Defraudarei quem acredita neste projecto se houver condições materiais para levar a cabo um projecto como o da Ribeira e Alfange (frente ribeirinha da cidade, junto ao Tejo) e eu não me recandidatar. Aí sim, criadas as condições para ter 100 milh��es de euros para revolucionar esta cidade, aí teria de dizer 'eu recandidato-me'", afirmou. Se não conseguir as condições para desenvolver esse projecto, Moita Flores assegura que regressa às suas aulas e à escrita dos "mil livros e séries que tem na cabeça e no peito", sublinhando que "um escritor nunca se reforma" e, "graças a Deus, o público gosta" dos seus livros. Quanto à "experiência" autárquica, que quis viver para ver "se fazia melhor", Moita Flores confessa-se "muito decepcionado" com a "mediocridade empertigada" que encontrou na "maior parte dos agentes autárquicos". "Não tinha essa ideia. Achava que era gente com maior sensibilidade", disse, afirmando ser "muito raro encontrar pessoas com alguma sensibilidade e alguma cultura no que respeita à competitividade, a olhar o futuro".
FONTE: Agência Lusa |