quarta-feira, julho 13, 2005 |
«FORCADO AMADOR» - OPINIÃO COM "FARPAS" |
"A tourada está prestes a começar..."
Sentado no alto da praça, aqui estou, fardado a rigor, a assistir a uma triste tourada sem o brilho característico do verdadeiro espectáculo taurino. A festa brava está mesmo a perder-se... Olho lá para baixo, vejo o recinto vazio e sem alma. Nem o touro quis ficar até ao fim. Certamente terá achado que, ao fim e ao cabo, não há costado que mereça uma única farpa dentro deste recinto... Vou situar-vos: estou na praça de touros de Salvaterra de Magos. Onde, outrora, a realeza pôde contemplar e viver momentos únicos. Envelheci. Fui um forcado muito conhecido no meu concelho. Atiraram-me ramos de flores, estilhaços de folhas com propostas indecentes e que, nos dias de hoje, não passam de papéis amarelados pelo tempo. A passagem dos anos deixou-me mazelas no corpo. Como já disse, envelheci. Se há vantagens a retirar daqui, uma delas é concerteza a experiência que adquiri. Fui um forcado de fama, com estilo e conheci muita gente nesta terra. Quando reencontro alguns desses "amigos", alguns deles viram-me as costas. Ou olham-me de soslaio, conforme a ocasião. É deles que quero falar. Sem preconceitos. Deixei a arena por motivos óbvios. A praça de touros de Salvaterra está a apagar-se: a tinta desprega-se das paredes, o cimento dá mostras de fraqueza e as bancadas ganham pó. Daqui só se ouve o uivo do vento. Decido, assim, aceitar o convite do José Peixe. Esta é uma "arena" bem diferente, com a qual não estou acostumado a lidar. Mas é como na tourada: é preciso encarar o desafio pelos ditos cujos e enfrentar a braveza que anda por aí. Vou agora procurar o meu baú. É só dar um pulo ao meu sótão. A arca deve lá estar algures. Não sei onde, mas sei que ela mora lá. Está na altura de lembrar a muita gente que Salvaterra tem memória. Que teve um passado. Que há por aí muito moço forcado que fala do que não sabe. A tourada vai começar!
Assina o saudoso «FORCADO AMADOR» |
Postado por José Peixe @ 16:26 |
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1 Comments: |
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Caro Zé,
de touradas percebes tu. Aliás, não se pode esperar outra coisa de um homem que deu vida a um Campino.
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Caro Zé,
de touradas percebes tu.
Aliás, não se pode esperar outra coisa de um homem que deu vida a um Campino.