Ana Cristina Ribeiro e militar da GNR ARGUIDOS EM PROCESSO CRIME A presidente da Câmara de Salvaterra de Magos é suspeita de ter montado uma cabala política que culminou na detenção de três socialistas. Ana Cristina Ribeiro terá contado com a colaboração do militar da GNR que coordenava o núcleo de investigação criminal. António Lucas também é arguido no processo-crime.
A presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos é arguida num processo investigado pela Polícia Judiciária. António Lucas, soldado da GNR que comandou o Núcleo de Investigação Criminal (NIC) de Coruche também foi constituído arguido no âmbito da mesma investigação. Segundo a revista Sábado avançou na última edição, Ana Cristina Pardal Ribeiro terá participado na preparação de uma “cabala política” que terminou com a detenção de três adversários políticos a 23 de Maio de 2004. A autarca é suspeita de ter aberto um concurso de propósito para empregar o filho do investigador do NIC na câmara. Como O MIRANTE noticiou na altura, numa manhã de domingo e num dia de festa nos bombeiros voluntários, um grupo de militares do NIC deteve o comandante dos bombeiros e vereador do PS, Carlos Leonel e o ex-presidente da direcção Joaquim Mário Antão, ambos socialistas e adversários da presidente eleita pelo Bloco de Esquerda. Uma jornalista do Correio da Manhã estava no local e acompanhou toda a detenção ao mesmo tempo que foram enviadas mensagens para outros órgãos de comunicação social. Horas depois, Gameiro dos Santos, ex-presidente dos bombeiros e da câmara, apresentou-se na sede do NIC em Coruche depois de “notificado” por telefone pelo soldado António Lucas. A investigação da PJ apurou de que há fortes suspeitas de que não se tratou de mera coincidência e que o momento da detenção no quartel dos bombeiros terá sido combinado com a presidente da câmara. Segundo a revista Sábado, Ana Cristina Ribeiro terá participado num almoço com a GNR e terá “oferecido” um emprego na câmara ao filho do militar coordenador do NIC, Luís Lucas. A autarca terá ainda anunciado a um comerciante local a data das detenções e a presença de jornalistas. As suspeitas sobre a gestão fraudulenta nos bombeiros surgiram em Outubro de 2002 com uma queixa apresentada por dirigentes da associação e apoiantes da presidente da câmara. A denúncia deu conta do desaparecimento do livro de contas, das actas e de outros documentos. Mas a detenção dos suspeitos só aconteceu mais de ano e meio depois e logo no dia de aniversários dos bombeiros. O aparato montado pelo NIC também levantou suspeitas. A detenção de Gameiro dos Santos em Madrid chegou a ser anunciada por uma televisão. Mas, o ex-deputado e presidente de câmara, deslocou-se por meios próprios desde a capital espanhola até às instalações do NIC em Coruche. Depois foi levado com grande aparato para o posto da GNR de Samora e com vários jornalistas à espera. Foi na cela de Samora Correia que os três homens passaram a noite. No dia seguinte foram presentes ao Juiz de Instrução Criminal que ordenou a sua libertação com termo de identidade e residência, a medida de coacção mínima. O Ministério Público concluiu que não houve indícios criminais. Em causa estavam empréstimos pessoais feitos pelo ex-presidente Gameiro dos Santos em momento de crise na associação e outros actos de gestão da responsabilidade do ex-presidente Joaquim Mário Antão e do comandante Carlos Leonel. Por concluir está agora a investigação das suspeitas que recaem sobre a única presidente de câmara do Bloco de Esquerda reeleita no domingo com maioria absoluta e sobre o antigo coordenador do NIC, um soldado várias vezes reconhecido pelo trabalho meritório feito na região. [ Notícia retirada de O MIRANTE, edição electrónica de 11 de Outubro 2005 ] |