O Jornalismo Sensacionalista está intimamente ligado à questão das audiências. Obviamente que qualquer órgão de informação (privado) depende delas para sobreviver (visto que o pendor comercial, nestes casos, é altamente vincado). No entanto, não me parece que os media devam ser escravos das taxas de audiência, caso contrário o efeito bola de neve tomará proporções imprevisíveis no que respeita à falta de rigor, ética e transparência.
Claro está que vivemos na época do directo, do imediato, da hiper-mediatização, o que não significa que tenhamos que assistir à imposição de determinados formatos jornalísticos que nos bombardeiam com “tragédia avulso” e “emoção a rodos”. Infelizmente, em Portugal esta situação acontece com uma regularidade impressionante – especialmente num canal de televisão privado, e em certos jornais – e com resultados, no que respeita ás audiências, certamente satisfatórios para a administração das empresas que detêm os referidos órgãos de comunicação.
Acerca deste tema, Óscar Mascarenhas escreveu um texto – “Informação e Sensacionalismo”; disponível on-line em
http://www.jornalistas.online.pt/notícia.asp?id=425%25idselect=402&idCanal=402&p=87 - que ilustra de forma esplêndida esta relação promíscua entre jornalismo de cariz sensacionalista e audiências. A determinada altura escreve o autor: ”No Jornalismo sensacionalista, o autor desdobra-se desonestamente em dois para oferecer um produto que não tem a ver com ele, mas com o público consumidor.(…) O Jornalismo sensacionalista parte de uma concepção de desprezo pelo público, embora se enroupe de um servilismo muito vergado ao público (…)”. Escondido atrás de uma capa de quem se limita a veicular os conteúdos de que as pessoas querem ouvir falar, o profissional de comunicação dedicado ao sensacionalismo, contribui para o marasmo intelectual de quem consome o seu trabalho, ao invés de conduzir o público no sentido contrário.
Por forma a contribuir para o abrandamento deste comboio prestes a descarrilar, parece-me que a criação de um organismo regulador da comunicação social portuguesa poderia ajudar a travar o progresso desta vertente jornalística(?) no nosso país. Por outro lado, não me parece – ao contrário do que à primeira vista possa ser adiantado como a principal razão para este avanço – que o facto de existir em Portugal uma elevada taxa de analfabetismo possa ser uma razão de peso, já que – por norma – o público consome o que lhes é facultado, e se se continuar por este caminho, as pessoas continuarão a consumir lixo, como se de marisco se tratasse.