"NININISMO RIMA COM MALABARISMO" Fui andando pela estrada de terra batida, ainda o sol espreitava no horizonte, e o «Faísca» em ritmo galopante. Já aqui tinha falado do «Faísca». O cavalo não apresenta melhoras. Tem as patas inchadas. Precisa de umas ferraduras novas. Mas tinhamos de nos fazer à vida. Eu e o «Faísca». Entrámos no Escaroupim, desci da sela, "atraquei" o animal à casa de madeira dos pescadores, recuperada pela Anita. A imensidão de carros antevia a presença de muitos apoiantes do Nini. Num só trago, bebi um galão de água mole. Arrastei a custo as botas de cabedal e vi que o «Faísca» descansava da longa caminhada. Enchi-me de coragem e entrei no restaurante. Tentei passar despercebido. Mas o meu colete dos tempos de forcado parece que não deu para disfarçar a minha presença. Rostos conhecidos olharam-me de soslaio. Mas mesmo assim enchi-me de coragem e instalei-me num dos recantos. Decliciei-me com a refeição, ouvi murmúrios de tristeza e alegria. Estava na sobremesa quando o Nini subiu ao palco. Dos outros não fiz caso. Eu estava ali mesmo para ouvir o Nini. Queria que o moço me surpeendesse. A fotografia do jovem candidato, colocada atrás do palanque, estava um pouco enrugada. Pensei que fosse apenas do longo cartaz,que não estava suficientemente esticado. Enganei-me. Sobretudo quandopercebi que o discurso do Nini também estava umpouco enrugado. Até eu já fiz touradas melhores em Salvaterra. Estava a deliciar-me com o vinho tinto quando reparei no olhar do camarada José Seguro. Que, de seguro, tinha muito pouco. Foi na casa de banho que ouvi a justificação para a coisa. O camarada Seguro estava a par da falta de consenso que a candidatura do Nini tem gerado. Que ele sabe da divisão da família socialista ali para aquelas bandas da Lezíria. Até o «Faísca», lá fora, se apercebeu das falsidades desta apresentação. No caminho para casa, pensava cá para os botões do meu colete que, afinal, não fiquei a saber quais são os candidatos para a maioria das Juntas de Freguesia. Aquela coisa de não dizerem por uma questão estratégica não me cheirou nada bem. O «Faísca», ao abanar as orelhas, parece ter concordado comigo. Tudo isto é estranho. Até há listas encabeçadas por gente que noutros tempos deram a cara por outros partidos. Ao rinchar, o «Faísca» parecia querer dizer-me: "mas não vês tu, FORCADO AMADOR, que eles andam a enganar-se uns aos outros? Não vês tu que aqueles que já tiveram protagonismo vêm agora recomendar o nome de outras gentes para que o resultado do PS seja o pior possível?"... O «Faísca» é um cavalo. Mas não é parvo. Dirigi então o animal para casa da minha mãe, em busca de um jantar bem melhor. E dar-lhe um grande beijinho. Porque ela é minha mãe e merece.
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