Abril de 1909. Um sismo faz tremer as localidades de Salvaterra de Magos, Benavente e Samora Correia. Todas elas ficaram parcialmente destruídas. Quase 100 anos depois, a possibilidade do cenário se repetir é elevada. E há uma certeza: a acontecer, as consequências serão muito maiores (existem hoje mais edifícios e mais habitantes). Em 1909, os planos de intervenção não passavam de uma miragem. As autoridades só chegaram aos locais dos acontecimentos 6 horas depois da ocorrência do sismo. Morreram 39 pessoas. E só no dia 24 de Abril (recorde-se que o sismos data de 23 de Abril de 1909) é que os feridos começaram as ser transportados para Lisboa, em comboios a vapor. E se a região voltar a tremer? Estaremos preparados para o pior?...
O grau de risco na região
A Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica dispõe, há já alguns anos, de vários mapas com os graus de risco para a região de Lisboa e Lezíria do Tejo. Esses dados revelam que Benavente e Samora Correia são as áreas mais vulneráveis (risco de grau 9 na escala de Mercalli Modificada). À medida que se sobe em direcção a Almeirim, o risco diminiu para 8. O concelho de Salvaterra de Magos encontra-se também abrangido por esta intensidade. Azambuja está numa zona de transição de 8 para 7. No grau 7 da escala de Mercalli Modificada estão Coruche, Santarém, Cartaxo, Alenquer, Castanheira do Ribatejo, Vila Franca de Xira, Alhandra, Alverca e Póvoa de Santa Iria. Ainda com base nos registos da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica - e tendo em conta a intensidade do sismo de 1909 -, Tomar apresenta um risco de grau 6. Como a seguir se demonstra, há motivos suficeinetes para preocupação...
Descodificando os números
Na escala de Mercalli Modificada o grau 9 é classificado como «Desastroso». Neste índice, ocorre o desmoronamento de alguns edifícios e há danos consideráveis em construções sólidas. No grau 8 – classificado como «Ruinoso» – são provocados danos acentuados em construções sólidas. Os edifícios de muito boa construção sofrem alguns danos. Podem ainda cair campanários e chaminés de fábricas. Já o grau 7 é considerado “Muito Forte” e durante um sismo desta intensidade há estragos limitados em edifícios de boa construção. Um sismo com estas características é facilmente perceptível pelos condutores de veículos automóveis em trânsito e desencadeia o pânico geral nas populações.
Os sinais
A 12 de Fevereiro, os sismógrafos do Centro Sismológico Euro-Mediterrênico registaram um abalo sismíco com intensidade de 6,1 graus na escala de Mercalli. O epicentro terá sido a 188 km a sudoeste de Lagos e a 160 km a sudoeste do Cabo de S. Vicente. Ou seja: no Banco de Gorringe (uma região sísmica ao largo de Portugal, que é considerada pelos analistas como uma das mais preocupantes). E não é para menos. Na madrugada de 12 de Fevereiro, por exemplo, o sismo foi sentido com forte intensidade em toda a região sul do país. Salvaterra de Magos não foi excepção.
A Protecção Civil...
...deveria estar mais atenta ao problema. A começar pela vertente informativa. Não se compreende - e isto a título ilustrativo - como é que o site da Autoridade Nacional de Protecção Civil não tem qualquer dado sobre os riscos (sísmicos e outros) no distrito de Santarém (confirmar AQUI). Nem os sites das autarquias locais esclarecem. Alguém conhece verdadeiramente o Plano de Emergência distrital? Que medidas concretas contempla para o caso de se verificar a existência de forte intensidade? A situação torna-se mais grave se recuarmos a Março de 2006. Na altura - e em todo o distrito de Santarém - mais de 630 escolas não estavam a cumprir as normas de segurança (de um total de 730 escolas). Só 99 instituições tinham planos de emergência devidamente aprovados pelo Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil... |
Bom fim de semana.
O que me mete a tremer são os aumentos diários do combustivel e impostos.
Ass: Fulano...Tal