Água de Vila Franca com demasiado arsénio
Quatro dos 51 concelhos analisados no ano passado pelo Instituto Regulador da Água e Resíduos (IRAR) ultrapassam o limite máximo de arsénio permitido pela lei, segundo o item "Qualidade da Água para Consumo Humano" do Relatório Anual do Sector das Águas e Resíduos. Em destaque está o concelho de Évora, com um incumprimento de 7,50 por cento nos níveis máximos permitidos de arsénio na água, seguido de Barcelos (5,0 por cento), Vila Franca de Xira (2,86 por cento) e Pombal (1,75 por cento).
Segundo Francisco Ferreira, da direcção da associação ambientalista Quercus, o excesso de arsénio na água tem sido um problema a que a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem estado atenta. "Foi emendado na Europa por indicação da OMS o valor limite do arsénio e em Portugal, do ano de 2004 para 2005, o valor limite de 50 microgramas por litro baixou para 10", realçou. Francisco Ferreira salienta que o relatório do IRAR revela que há 1,1 por cento de análises da água em falta nos concelhos do país e, das que foram feitas, em 2,85 por cento foram ultrapassados os limites estabelecidos por lei. "Dentro deste controlo e comparativamente, entre os metais pesados o arsénio é o pior, depois do ferro", salienta.
Os efeitos do arsénio
Uma equipa do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) descobriu que os filhos de mães que ingeriram na gravidez água contaminada com arsénio apresentam alterações na expressão de alguns genes que pode originar mais tarde cancro e outras doenças. A descoberta, publicada hoje na “PLoS Genetics”, é a primeira evidência publicada de alterações em genes originadas por uma exposição pré-natal a um contaminante ambiental. "Este estudo pode ser um alerta para os municípios com grandes níveis de ultrapassagem destes limites, que devem merecer maior atenção por parte da entidade reguladora da água, para saber o que deve ser feito e medidas a tomar", considerou Francisco Ferreira.
Fonte: PÚBLICO |